Em apertada síntese, podemos dizer que ela tem 46 anos, é de Goiânia, formada em Psicologia, mãe de dois adolescentes (Alexandre e Carolina) e FOTÓGRAFA, apaixonada pela profissão.
A fotografia, desde sempre, foi algo presente em sua vida e de sua família, pois mesmo que antigamente não existissem as máquinas fotográficas digitais e nem mesmo celulares, sua mãe registrava tudo. Eram fotos de todas as idades, desde bebê, e das datas comemorativas em família. A diversão familiar era justamente rever essas fotos guardadas "no fundo do baú" (literalmente) e viajar no tempo. Para Karin, a fotografia tem esse poder de levar as pessoas a momentos esquecidos, permitindo viver sensações e emoções que estavam guardadas no coração.
Quando ia ingressar na faculdade, a primeira opção era o curso de Artes Visuais, mas depois pensou que poderia ser algo que deveria levar de forma secundária em sua vida e acabou optando pela Psicologia. Deixou a arte, aquilo que talvez já pulsasse dentro dela, em "stand by".
Fez Psicologia em 1996, em Taubaté, não sabendo o motivo por ter optado por essa cidade, já que é de Goiânia e não tinha nada (além das mãos de Deus) que pudesse lhe fazer ir para lá. Foi bolsista, fez mestrado, se especializou, atuou em áreas diversas e sentia-se bem-sucedida e realizada em sua área profissional, ou pelo menos achava que era. Karin sempre foi uma pessoa trabalhadora, que nunca teve preguiça, e independentemente da remuneração, sempre trabalhou da mesma forma e com a mesma garra.
Até que um belo dia sua vida deu uma virada de 360 graus.
Aos 38 anos, recém-separada e com dois filhos, descobriu um câncer grau 4 com metástase. Foram cirurgias e quimioterapia. Em sua família não tinha histórico de câncer e, em razão disso, ficou com muito medo de que não pudesse realizar seus sonhos.
Bom, foi aí, quando a sua vida parou, que deu conta da finitude dela. Ela que já tinha trabalhado em hospitais e tinha especialização em psicologia hospitalar, viu-se do outro lado, virou paciente. Estava totalmente fragilizada e vulnerável.
Mas essa fragilidade durou pouco. Depois de digerir a notícia, lutou bravamente durante todo o tratamento, encarou a doença, agarrou em sua fé e fez tudo que tinha que ser feito. Nunca questionou a Deus o que estava passando. Pedia discernimento e repetia inúmeras vezes, principalmente nos momentos mais difíceis (de quimioterapias, cirurgias e internações): "Tudo posso Naquele que me fortalece."
E de fato sua fé a fortaleceu. Sua vida mudou, se transformou e deixou-se ser transformada. Karin ressalta que nada disso teria acontecido se não tivesse pessoas tão maravilhosas ao seu lado: sua família, sua segunda mãe, que a acompanhou durante todo o tratamento, amigos e todos os médicos e profissionais da saúde. Acredita que viveu um milagre, e que Deus permitiu que tivesse uma segunda chance para viver o melhor que ainda estava por vir.
Durante o tratamento, uma de suas irmãs, fotógrafa já renomada em Goiânia, a incentivou a fazer um curso de fotografia. Deu-lhe a melhor câmera e o melhor curso, e lá foi ela...
Mesmo doente não conseguia ficar parada. Fez o curso mais como terapia, porém, como tudo que se propõe a fazer, se jogou de cabeça.
Assim que se descobriu cem por cento curada, precisava voltar para Taubaté, afinal tinha deixado o emprego e precisava retomar de onde parou. Foi aí que percebeu que já não era mais a mesma. Pediu demissão de seu emprego e decidiu que precisava colocar algumas coisas no lugar.
Aprendeu que o fundo do poço ensina muito mais do que o topo da montanha. Quando estamos lá em cima, todo mundo te quer por perto, mas o contrário não é verdadeiro. Foi nesse momento que fez uma imersão de autoconhecimento, se descobriu e fez a grande virada em sua vida: decidiu que viveria da fotografia.
Aos poucos voltou a ter foco, se conectou e se reconectou com as pessoas. Mesmo tendo um de seus maiores medos os desafios de uma vida profissional como autônoma, desde o dia em que abriu a sua agenda, nunca mais ficou sem cliente! Acreditou no seu trabalho, viveu seu propósito e suportou o processo, não tendo como não colher os frutos de seu esforço.
Obviamente, passou por inúmeras provações na fotografia. Fotografou de tudo, trabalhou com poucos recursos, mas a criatividade e aquela veia artística que sempre pulsaram dentro dela, fizeram-na ser notada, seja em Taubaté ou Goiânia – locais em que fotografa.
Hoje possui o seu estúdio e bons equipamentos, frutos de muito trabalho, além de ter um estilo fotográfico muito bem definido: revelar a verdadeira essência das mulheres por meio da fotografia. Especialista e apaixonada pelo universo feminino, ela consegue através do seu trabalho conhecer pessoas e histórias de vida extraordinárias – registrando sempre com o melhor ângulo o que tem de mais belo e o que, às vezes, não é visível aos olhos.
Cada mulher que vai ser fotografada chega como uma tela em branco a ser pintada e, então, JUNTAS fazem a ARTE acontecer.
A fotografia para ela é isso, uma junção entre o fotógrafo e a cliente, uma conexão, como em uma dança, que envolve olhar, expressão corporal. As vezes é uma dança divertida, as vezes dolorida (não é fácil fazer poses), mas na maioria das vezes fica a melodia, aquele gostinho de quero mais.
Na imersão do dia a dia, muitas vezes, não nos vemos como a mulher bela que podemos ser. Para ela, todas merecem viver essa experiência: um dia de "modelo". Um dia em que vão sair do cotidiano e da vida corrida. Vão poder se produzir, ir ao salão e então se ver de outra forma, com um outro olhar, por outra lente, por outra ótica.
Karin tem um olhar afiado, por meio de suas lentes para ver nas mulheres a beleza que é plural, sem padrão. Talvez este olhar seja fruto de tantas metamorfoses que viveu, as quais a fizeram enxergar que a vida é só uma, que a beleza é única e que todas devem se amar como são. Para ela, a beleza está nos olhos de quem vê, e se você não se vê bonita, quem vai ver? Esse é um dos maiores aprendizados que ela teve na vida e é isso que tenta transmitir com sua arte: você é única e, por isso, se ame do jeitinho que você é. E é através do seu trabalho que hoje consegue transformar vidas exatamente com aquilo que a transformou. Coincidência ou não, ela prefere acreditar que foi Deus, pois crê que é sempre Ele.