By Redação M&B on Segunda, 14 Agosto 2023
Category: Elas

ELAS - Sil Leão

"Quando você acredita em si mesmo e entrega o futuro para Deus, as coisas acontecem". É assim na vida de Sil Leão desde seus primeiros 11 anos de vida em Ibicaraí, na Bahia, onde viveu com seus pais e suas três irmãs. Psicóloga e Consultora de Imagem, moradora de São José dos Campos (SP), a primogênita da família Leão é a prova de que quando se planta o bem, colhe-se o bem em dobro.

"Baiana joseense" desde os 12 anos de idade, como costuma se apresentar, Sil se mudou para terras vale-paraibanas com a família, na década de 1990. Seus pais, inspirados por um tio que já morava aqui, vieram em busca de oferecer às filhas melhores condições de vida. Foi com eles, aliás, que Sil aprendeu a aproveitar as boas oportunidades e a lutar pelos seus sonhos. Foi no contraturno da escola pública, que passou a fazer isso na prática, usando seu tempo livre para fazer cursos gratuitos, juntamente com suas irmãs. Aprendeu canto, dança, desenho entre outros temas ligados à arte, tudo isso sempre com o incentivo da sua mãe.
Embora tenha um lado extrovertido, Sil sempre foi muito tímida e, por um tempo, também era muito insegura. Ela vivenciou na adolescência a baixa autoestima, comum a muitas meninas. A razão: seu tom de pele e seu cabelo cacheado, hoje motivo de orgulho para ela. "Nunca me vi como referência de beleza para os outros e isso me afetava de alguma maneira porque eu percebia isso na fala e na preferência das pessoas e da sociedade. Foi assim que desde a infância passei, então, a alisar o cabelo para me encaixar em uma estética mais aceita.", contou ela que, desde pequena, ouvia comentários negativos sobre peles escuras e cabelos cacheados/crespos.
Sil desde criança sempre gosta de se arrumar. Ela e suas irmãs ganhavam muitas roupas das tias, prima e avó. Com isso, aprendeu muito a explorar a criatividade para montar looks e multiplicar suas roupas.
Ao finalizar o primeiro ano do ensino médio, seus pais resolveram voltar para a Bahia, dessa vez para Itabuna. O frio da região foi o divisor de águas. "Mas o bichinho paulista já tinha me picado", ri ela. "Aqui eu também havia construído laços afetivos, amigos, lugares que eu gostava de frequentar", destaca Sil.
Seus pais sempre ensinaram para ela e para as irmãs que deveriam ir em busca dos seus sonhos e fazer o que precisava ser feito de forma honesta e pautada nos valores da fé. Foi com esse pensamento que, ainda aos 12 anos, ela teve seu primeiro contato com o trabalho. Naquela época, Sil saia com suas irmãs para vender salgado na empresa do seu tio quando moraram pela primeira vez em São José. Ao voltarem para a Bahia, ela começou a faculdade em Itabuna e trabalhava durante um período na empresa de outros tios. Foi com o apoio desses tios, que Sil conseguiu iniciar a sua faculdade de psicologia em um primeiro momento. Estudava pela manhã e trabalhava na parte da tarde. Posteriormente, Sil conta que conseguiu uma vaga no FIES (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), e foi com a ajuda desse fundo que conseguiu concluir seus estudos e graduar-se na UNIP (Universidade Paulista) já em São José.
Foi assim, que aos poucos, a sua família voltou para o Vale do Paraíba. "Depois que eu voltei, meus pais resolveram voltar também, senão iam acabar ficando sozinhos na Bahia, já que uma das minhas irmãs também já estava aqui," ri.
Formada em 2008, Sil trabalhou no setor de atendimento de telemarketing, como auxiliar em um berçário, como auxiliar na empresa do seu sogro e, posteriormente, em uma loja no shopping. "Por isso que falo que tudo que acontece na minha vida tem o dedo de Deus. Mesmo tímida, de algum modo, Ele me fez aprender a lidar com o público", conta.
Sil viu que era hora de atender em consultório e, para isso, começou e para isso começou a fazer trabalho voluntário na igreja, enquanto procurava uma sala para sublocar. Até que sua vida passou por nova reviravolta, quando descobriu que havia passado em um concurso público na Infraero, empresa operadora de aeroportos no país.
"Nem acreditei que havia passado na prova. Eu tinha as matérias da faculdade frescas na cabeça, mas tinha estudado muito pouco para o concurso. Pensei em desistir de fazer até que meu namorado na época, hoje marido (João Antônio), me incentivou. Mas não achei que passaria. Nem chequei o resultado por não acreditar", afirmou ela.
A descoberta da aprovação veio de forma inesperada: Sil pesquisou seu nome no Google e o encontrou na página da Jusbrasil. "Fiquei apavorada", ri. "Pedi ajuda do meu marido e da minha irmã, ambos advogados!", diverte-se hoje lembrando. Ela havia passado em terceiro lugar. "Bem que minha mãe havia dito que sentia que algo mudaria na minha vida".
Sil, então, foi de mudança sozinha para Belo Horizonte (MG), onde foi acolhida na casa de seus tios-avôs, Tita e Estevam. No âmbito pessoal, encarou a distância da família, o novo trabalho e passou a se dedicar a uma área nova da psicologia que nem sabia que existia: a psicologia da aviação. Foram três meses de muito estudo e foi ali que muitas das suas inseguranças foram trabalhadas. Descobriu o quanto era inteligente, capaz de se virar sozinha, e melhor: poderia ser o que ela quisesse. "BH foi um divisor de águas na minha vida", afirma.
Ao longo de sete anos, Sil cuidou de 11 aeroportos, viajou inúmeras vezes pelo Brasil para dar cursos, atender os operadores e fazer palestras para muitas pessoas. Também durante esse tempo, noivou, casou-se, teve sua primeira filha, Maria Eduarda (7 anos), e teve um segundo encontro com a moda, área que lhe tornaria realizada nos anos seguintes. "Meu marido se mudou para BH em 2012 assim que nos casamos e, em 2013, na ânsia de fazer cursos e agregar conhecimentos diversos, assisti uma palestra da Cris Guerra sobre moda e autoestima. Nunca tinha ouvido falar em consultoria de imagem e foi ali que comecei a me interessar sobre o assunto, porque percebi na hora que tinha tudo a ver com psicologia", disse.
Vaidosa, e que sempre amou andar bem vestida, Sil então não só resolveu passar por uma consultoria como se dedicou a aprender mais sobre o tema. "Por mais que eu achasse que me vestisse, é sempre bom ouvir uma profissional da área e aprender mais. E a consultoria me deu autoconfiança. Foi quando percebi que era aquilo que eu queria fazer profissionalmente: ajudar outras mulheres a descobrirem a sua melhor versão".
Foram diversos cursos na área de consultoria e comportamento e, após vivenciar um período turbulento que mexeu com sua saúde e com sua vida, Sil decidiu entrar no PDV (Plano de Demissão Voluntária) e alçar novos voos fora da Infraero. Como sempre, Deus prepara tudo em sua vida: na mesma ocasião em que resolveu pedir demissão da empresa, seu marido recebeu proposta de trabalho em São José e eles voltaram para o Vale do Paraíba. No entanto, o momento era outro: ela já não conhecia ninguém na região para aplicar seus novos conhecimentos.

Recomeços
Em 2018, Sil viu que, se quisesse seguir a nova carreira, teria que iniciar do zero. Começou a criar conteúdo para o Instagram, reviu amigos da igreja e fez consultoria para algumas amigas que foram essenciais ao começo dela na nova carreira.
Nessa mesma época, veio sua segunda filha, Maria Luísa (4 anos). A gravidez um pouco mais difícil que a primeira, obrigou-a a ficar em repouso absoluto. Tudo o que havia conquistado no ramo da consultoria até então ficou em "stand by". Sua família era prioridade. "Tudo no tempo de Deus", diz.
Aos dois meses de sua caçula viu que era hora de recomeçar, pela terceira vez, mas agora, não mais do zero. Foi quando veio a pandemia. Algumas semanas antes de tudo fechar, Sil resolveu pedir para a sua prima o contato de quem estava cuidando do marketing dela no instagram, foi quando conheceu a Samanta, uma das pessoas que mais a ajudou a dar os primeiros passos estratégicos dentro do digital e que lhe apresentou a assessora de eventos Zilma Valadão, de quem Sil se tornou amiga e quem posteriormente lhe abriu muitas portas, apresentando-a para várias pessoas, incluindo a Patrícia Lopes, da revista "Moda & Beleza Vale".
Mesmo com a dificuldade que a pandemia trouxe, Sil conseguiu mostrar o seu trabalho de diversas formas, apresentando desfiles, fazendo liveshops, atendendo clientes on-line e foi assim que logo começou a fazer negócios. "A pandemia foi outro baque. Mas, quando as coisas acalmaram, comecei a participar de eventos a convite de Zilma, fazer network, fui chamada pela Paty para ser colunista na 'Moda & Beleza Vale', fui chamada para dar entrevistas na TV, fiz assessoria de conteúdo para influenciadora, entre outras coisas. Então, apesar das dificuldades, penso que quando temos coisas boas para oferecer, as portas sempre começam a se abrir", conta ela.
Sil conseguiu atingir muitas das suas metas dentro do trabalho, mas o divisor de águas veio com a oportunidade de montar os looks para uma campanha do Taubaté Shopping e, posteriormente, montar os looks para um desfile que aconteceria nesse mesmo shopping. Vestiu pela primeira vez, 60 pessoas de corpos e idades diferentes. "Eu não tenho medo de desafio. Seguro na mão de Deus e digo 'sim'. Não tem erro quando Deus está em primeiro plano", conta.
Hoje, além de atuar atendendo suas clientes de forma personalizada, Sil se sente muito realizada criando conteúdo como Consultora de Estilo para o Taubaté Shopping e realizando palestras em lojas do ramo da moda. Sil quer por meio da moda promover em outras mulheres a mesma transformação que viu a moda realizar em si mesma. "Por meio da consultoria, mostro para minhas clientes que elas podem ser belas como são. Incentivo um olhar de dentro para fora. Pergunto para elas sobre suas habilidades, aspirações, motivações e sobre o que faz sentido para cada uma. Em cima disso é que faço a análise e mostro para elas como determinadas peças podem comunicar no dia a dia quem elas são. Não precisa apenas de roupas caras, ou só seguir tendências, mas é necessário se sentir realizada e confortável dentro da própria pele usando o que faz sentido para a sua vida e para o seu objetivo", afirma.
Se Sil ainda alisa o cabelo? De jeito nenhum! A consultora de moda exibe seus cachos com orgulho. "Parei de alisar quando tive minhas filhas. Afinal, o que eu diria para elas se me perguntassem: 'mãe, por que você alisa seu cabelo?'. Hoje, ele me representa muito e quanto mais volumoso, mais o amo".
Fazer com que ninguém se anule para encaixar em padrões tornou-se a missão de Sil. E o retorno que recebe de cada uma delas lhe empodera ainda mais. "Sempre digo que Deus me norteia em tudo. Sem Ele e minha família, com certeza já teria perecido. E é uma felicidade saber que posso contar com anjos que me impulsionam e abrem portas para que eu possa chegar onde preciso estar para fazer a diferença na vida das pessoas. É mais do que beleza. É amor", conclui Sil Leão.