Sua infância foi vivida em Campos do Jordão, local onde nasceu em 13 de outubro de 1965.
Em sua terra natal viveu uma infância e adolescência saudável e em família. Uma grande família! Simone é a sétima de nove filhos e atribui à sua mãe, a alegre professora Irene da Matta Pinelli, as lições aprendidas sobre o amor e respeito ao próximo, a união em família, a cooperação e o saber partilhar e trabalhar em equipe, com independência e responsabilidade. Lições que tem a acompanhado, por toda a sua vida. Seu pai, foi um homem de poucas palavras, mas extremamente amoroso e cuidadoso. Ainda é viva na memória de Simone a forma respeitosa como seu pai tratava as pessoas, sem distinção alguma entre o rico e o mais humilde. Com ele, aprendeu sobre honestidade e a alegria de servir. Um homem de valores fortes, que não permitia que se aumentasse uma grama no peso da balança em que os produtos de seu armazém eram pesados. A regra inspirava uma divertida competição entre os irmãos, ver quem acertava os pesos exatos das mercadorias. Como os produtos eram cortados à mão, exigia-se muita habilidade para cortar o peso exato, solicitado pelo cliente. Acertar era um desafio e divertiam-se na simplicidade do servir.
Seu pai deixou um legado de respeito à ordem, honestidade e integridade, falecendo precocemente aos 62 anos.
A menina de sorriso farto e olhos curiosos, cursou o ensino fundamental e médio, na escola Professor Theodoro Correa Cintra em Campos do Jordão e desde pequena apresentava algumas características que já lhe eram muito peculiares: adorava fazer as roupas das próprias bonecas, era muito alegre, criativa e tinha grande facilidade em fazer amigos. Também gostava muito de esportes e sua dedicação a levou a ser titular do time de Voleyball da seleção de Campos do Jordão, participando várias vezes dos Jogos Regionais do Estado de São Paulo.
O dom para o comércio, parte da essência de Simone, foi despertado desde cedo ao ajudar seu pai, no armazém do mercado municipal de Campos do Jordão. Mas, nota-se que foi desenvolvido durante toda a sua trajetória de vida. Aos 16 anos, foi trabalhar com seus irmãos que adquiriram um depósito de materiais de construção. Com uma personalidade dinâmica e ousada, passou a desempenhar vários papéis na loja, como: caixa, conferencista de materiais, etiquetadora de preços dos produtos e controladora das contas bancárias, principalmente as que se referiam ao cimento. Sempre foi ousada em assumir responsabilidades e vencer limites.
Ainda jovem, aos 17 anos ingressou na Faculdade de Administração de Empresas, na UNITAU, em Taubaté e passou a trabalhar em horário integral e a estudar a noite. No segundo ano da Faculdade conheceu aquele que seria seu futuro marido, Thiers De Angelis Fortes. O jovem havia parado os estudos, mas retornara exatamente na mesma sala que Simone, em 1984. Ambos concluem a faculdade em 1986.
A intensidade de vida é uma das marcas da história de Simone. De modo que transcorrido um mês que haviam se conhecido, os dois começaram a namorar e 9 meses depois casaram-se em janeiro de 1985.
Nesse momento sua história toma novos e desafiadores rumos. Seu marido era pecuarista e um apaixonado por gado leiteiro. Ao casarem-se, Simone não só mudou para Taubaté, como mudou completamente seu estilo de vida. Da cidade e do comércio, passou a viver em uma fazenda, no campo. O que para muitos poderia ser uma irrupção negativa, para Simone, que tem como filosofia de vida, sustentar um olhar positivo sobre todas as coisas, esse novo tempo passou a ser um período de fácil adaptação e sem problemas passou a viver essa nova realidade de vida.
Sua vida foi de superação e um novo desafio apresentava-se. Acostumada a trabalhar desde pequena, viu-se impossibilitada de fazê-lo, uma vez que na cultura da nova família não era aceitável que uma mulher fosse trabalhar fora de casa. Nesse momento Simone decidiu deixar a empresa dos irmãos, que na época já possuíam uma filial em Taubaté, e passou a dedicar-se exclusivamente ao seu lar.
Entretanto ficar parada e sem produzir nada, não era uma opção para Simone. Realizar novos projetos, ardia em seu coração. E embora não houvesse a necessidade financeira, foi movida por seu espírito empreendedor e comerciante, a iniciar seu primeiro empreendimento a partir de sua casa. Usando a máquina de costura, que ganhara de presente, aos 15 anos de idade, aprendeu a fazer matelassê com sua sogra, e começou a fazer peças diversas e a vender na faculdade, para amigos e parentes.
Sua natureza empreendedora sempre estava em busca de realizar projetos. Após uma visita a uma tia muito querida, em que a viu produzindo manteiga para vender, decidiu aprender o processo e passou a fazer manteiga. Levantava toda manhã, bem cedo, para fazer manteiga e vendia para seu pai em Campos do Jordão.
Como tinha família grande, tanto do seu lado, quanto do lado do seu esposo, quando começaram a nascer os sobrinhos surgiu outra oportunidade de empreender. Percebendo que as mães sempre buscavam ajustar e consertar as roupas de seus filhos. Simone decidiu, mesmo sem curso de corte e costura, comprar uma máquina de costura overlock e começou a fazer moletons para vender. A ousadia de lançar-se a novos desafios sempre foi inspiração para ela. Ia frequentemente à cidade de São Paulo, ao bairro do Bom Retiro, onde comprava os tecidos para que as pessoas pudessem ir até a sua casa, escolher as cores e modelos para costurar. Permaneceu nessa atividade por cerca de 10 anos.
Mesmo sem sair de casa, com as máquinas na sala de sua casa na fazenda, conseguiu gerar um negócio e fazer renda.
Outra paixão da família era a cozinha, então, quando estava com poucas encomendas de costuras, viu uma oportunidade de fazer quibes, brigadeiros e rocamboles para vender nos finais de semana, no pesqueiro que abriram na fazenda.
Durante o período que fazia os moletons, como a produção era pequena, e tinha demanda para mais peças, ela também comprava roupas prontas e vendia para a família e amigos.
Com a chegada dos produtos da China, as vendas caíram. Seus preços não podiam competir com o mercado chinês, mas reinventar-se e persistir, também são marcas da sua história. Então, aos poucos, ela migrou do ramo da costura de roupa para a confecção e bordados de peças para quartos infantis. Realizou parcerias com Designers de Interiores e Arquitetos, e passou a confeccionar colchas, cortinas, almofadas, e demais produtos na área de decoração.
Neste mesmo período, por já morar há bastante tempo na fazenda e gostar muito de plantas e terra, resolveu fazer um curso de jardinagem e paisagismo no Senac. Fazendo em sua casa, um pomar e uma horta com mais de 25 tipos de verduras, leguminosas e raízes diferentes.
Nessa época também, entre confeccionar produtos de decoração para quartos infantis e começar a olhar para a área de jardinagem e paisagismo, uma grande amiga Artista Plástica estava abrindo uma Galeria para seus quadros e a convidou para ajudá-la a encadernar agendas, feitas com as capas em aquarela. Foi um sucesso! E o que começou como um apoio a uma amiga, transformou -se em um novo negócio, dando início à empresa CRIAR ATELIÊ.
Em parceria com sua amiga, foram à São Paulo, compraram algumas peças em livrarias, de shoppings e trouxeram para Taubaté. Como Simone sempre teve muita habilidade com as mãos e criatividade, desmontou as peças, aprendeu como eram feitas e começou a produzir suas próprias peças, criando modelos diferenciados e com design totalmente autoral e exclusivos. Sempre produzindo suas peças na sala de sua casa na fazenda.
A distância, as dificuldades de se estar na zona rural, nunca foram empecilhos, nem mesmo o fato de seu marido não concordar e permitir que trabalhasse fora, foi motivo para desculpas, de não se tornar produtiva ou abafar o dom que sempre teve.
Se você pode sonhar, você pode realizar! (Walt Disney). Essa é uma das frases preferidas de Simone.
A fé, a esperança e a confiança nas sementes lançadas durante a caminhada, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca a deixaram desistir. Resiliência, persistência e excelência no que se propôs a fazer, também fizeram a diferença.
Mesmo distante dos centros comerciais, os produtos feitos com muito carinho, dedicação e buscando sempre a excelência, começaram a ser conhecidos, e, pela divulgação boca a boca, procurados.
Passou a produzir peças para agências de publicidade, construtoras, brindes especiais para empresas e começou a ter que levar mão de obra da cidade para a fazenda. Como sempre foi autodidata, também treinou a equipe com que passou a contar, devido ao aumento da demanda.
Após 25 anos de casada, morando e trabalhando na fazenda, sua casa já não comportava mais as coisas da empresa. Era necessário ter um local específico para o trabalho e de mais fácil acesso aos clientes e colaboradores. Foi então, que com a ajuda do esposo, agora aceitando melhor e entendendo a necessidade de seu crescente empreendimento, transformar uma casa muito antiga, por meio de uma grande reforma e restauração, na Criar Ateliê. Nesse momento nasce seu primeiro empreendimento fora de sua casa.
No Ateliê todas as peças são confeccionadas à mão, e isso faz toda a diferença, pois quase todas as peças são exclusivas.
Hoje a empresa conta com um portfólio diversificado, com empresas conhecidas em nossa região e também a nível nacional e internacional. Já produziram peças para Johnson & Johnson, Cebrace, Embraer, Deca, Titanium Fix, Caixa Econômica Federal, e muitas outras. Trabalham com várias construtoras, agências de publicidade, escritórios de arquitetura da região do Vale do Paraíba e de São Paulo. Atuam fabricando embalagens exclusivas para franquias, cardápios para restaurantes, fotógrafos, paisagistas etc.
Com a pandemia, cresceu muito a procura de itens para organização, então passaram também a produzir várias peças nesse segmento.
Dentre as curiosidades de clientes atendidos pelo ateliê, já enviaram peças para Ceo's da Alemanha, para o Vaticano, para a Rainha da Inglaterra, para o Presidente do Brasil na época Michel Temer, etc.
Uma história de persistência em que sua fé e essência preservada a levaram a romper barreiras.
Nos últimos 10 anos, passou por várias fases difíceis. Sofrendo uma grande perda, em fevereiro de 2018, com o falecimento precoce de seu marido. Mas diante desse novo desafio, sua fé e seu amor à vida, motivaram-na a prosseguir e a não desanimar. Seguindo confiante no propósito a que foi chamada.
E foi essa força propulsora que a sustentou e permitiu atravessar o período de pandemia da Covid 19. E enquanto muitos comércios, infelizmente, fecharam suas portas, o ateliê, prosseguiu, mudando o foco da produção para a nova demanda do mercado.
Aquilo que na sua infância e juventude viu nas atitudes de seu pai ao conduzir seu comércio, gerou na Simone um apreço pela harmonia, espírito de equipe e respeito no ambiente profissional. Contando hoje com um time muito coeso, integrado e comprometido com o sucesso do ateliê. Diante de toda a sua trajetória, Simone considera isso muito importante e uma grande conquista.
Hoje, Simone vive um novo tempo. Está se redescobrindo, vivendo coisas novas e desafiadoras, mas buscando manter aquilo que percorreu toda a sua trajetória: sua fé, seus valores e sua essência.
Agora busca viver de forma plena o que de certa forma foi um dia, parcialmente abafado em sua vida: sua movimentação, seu empreendedorismo e amor à vida, que a fez avançar, diante dos desafios.
Sua fé em Cristo a sustentou e essa fé foi expressa na sua essência, em tudo que ela decidiu viver e em cada desafio que a vida lhe impôs.
Há uma passagem nas sagradas escrituras em que Jesus disse: que os olhos são a candeia do corpo e que se nossos olhos forem bons todo o nosso interior seria cheio de luz. Essa passagem expressa com verdade a vida da Simone. Uma vida que tem decidido dia a dia ter olhos bons, mediante as perdas e desafios de sua vida e isso tem iluminado não só a sua própria vida, mas a de todos que tem sido parte de sua história.