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moda a favor da autoestima da mulher







                                                          Sil Leão








          “              uando você acredita em si     pessoas e da sociedade. Foi assim que des-  (Fundo de Financiamento ao Estudante do

                         mesmo e entrega o futuro      de a infância passei, então, a alisar o cabe-  Ensino Superior), e foi com a ajuda desse
                         para Deus, as coisas aconte-  lo para me encaixar em uma estética mais   fundo que conseguiu concluir seus estudos e
            Q cem”. É assim na vida de Sil             aceita.”, contou ela que,  desde  pequena,   graduar-se na UNIP (Universidade Paulista) já
            Leão desde seus primeiros 11 anos de vida   ouvia comentários negativos sobre peles es-  em São José.
            em Ibicaraí, na Bahia, onde viveu com seus   curas e cabelos cacheados/crespos.         Foi assim que, aos poucos, a sua família
            pais e suas três irmãs. Psicóloga e Consulto-  Sil desde criança sempre gosta de se   voltou para o Vale do Paraíba. “Depois que
            ra de Imagem, moradora de São José dos     arrumar. Ela e suas irmãs ganhavam mui-   eu voltei, meus pais resolveram voltar tam-
            Campos (SP), a primogênita da família Leão   tas roupas das tias, prima e avó. Com isso,   bém, senão iam acabar ficando sozinhos na
            é a prova de que quando se planta o bem,   aprendeu muito a explorar a criatividade   Bahia, já que uma das minhas irmãs também
            colhe-se o bem em dobro.                   para montar looks e multiplicar suas roupas.  já estava aqui,” ri.
               “Baiana joseense” desde os 12 anos de      Ao finalizar o primeiro ano do ensino     Formada em 2008, Sil trabalhou no se-
            idade, como costuma se apresentar,  Sil  se   médio, seus pais resolveram voltar para a   tor de atendimento de telemarketing, como
            mudou para terras vale-paraibanas com a    Bahia, dessa vez para Itabuna. O frio da re-  auxiliar em um berçário, auxiliar na em-
            família, na década de 1990. Seus pais, ins-  gião foi o divisor de águas. “Mas o bichinho   presa do seu sogro e, posteriormente, em
            pirados por um tio que já morava aqui, vie-  paulista já tinha me picado”, ri ela. “Aqui   uma loja no shopping. “Por isso que falo
            ram em busca de oferecer às filhas melhores   eu também havia construído laços afetivos,   que tudo que acontece na minha vida tem
            condições de vida. Foi com eles, aliás, que   amigos, lugares que eu gostava de frequen-  o dedo de Deus. Mesmo tímida, de algum
            Sil aprendeu a aproveitar as boas oportu-  tar”, destaca Sil.                        modo, Ele me fez aprender a lidar com o
            nidades e a lutar pelos seus sonhos. Foi no   Seus pais sempre ensinaram para ela e   público”, conta.
            contraturno da escola pública, que passou a   para as irmãs que deveriam ir em busca dos   Sil viu que era hora de atender em con-
            fazer isso na prática, usando seu tempo livre   seus sonhos e fazer o que precisava ser feito   sultório e, para isso, começou a fazer traba-
            para fazer cursos gratuitos, juntamente com   de forma honesta e pautada nos valores da   lho voluntário na igreja, enquanto procurava
            suas irmãs. Aprendeu canto, dança, desenho   fé. Foi com esse pensamento que, ainda aos   uma sala para sublocar. Até que sua vida
            entre outros temas ligados à arte, tudo isso   12 anos, ela teve seu primeiro contato com o   passou por nova reviravolta,  quando des-
            sempre com o incentivo da sua mãe.         trabalho. Naquela época, Sil saia com suas   cobriu que havia passado em um concurso
               Embora tenha um lado extrovertido, Sil   irmãs para vender salgado na empresa do   público na Infraero, empresa operadora de
            sempre foi muito tímida e, por um tempo,   seu tio quando moraram pela primeira vez   aeroportos no país.
            também era muito insegura. Ela vivenciou   em São José. Ao voltarem para a Bahia, ela   “Nem acreditei que havia passado na
            na adolescência a baixa autoestima, co-    começou a faculdade em Itabuna e traba-   prova. Eu tinha as matérias da faculdade
            mum a muitas meninas. A razão: seu tom     lhava durante um período na empresa de    frescas na cabeça, mas tinha estudado mui-
            de pele e seu cabelo cacheado, hoje motivo   outros tios. Foi com o apoio desses tios, que   to pouco para o concurso. Pensei em desistir
            de orgulho para ela. “Nunca me vi como     Sil conseguiu iniciar a sua faculdade de psi-  de fazer até que meu namorado na época,
            referência de beleza para os outros e isso   cologia. Esfoeçada, estudava pela manhã e   hoje marido (João Antônio), me incentivou.
            me afetava de alguma maneira porque eu     trabalhava na parte da tarde. Posteriormente,   Mas não achei que passaria. Nem chequei
            percebia isso na fala e na preferência das   Sil conta que conseguiu uma vaga no FIES   o resultado por não acreditar”, afirmou ela.



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