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conceitos por trás da criação de arranjos e   Prezo pela qualidade e gosto de marcar a
             os eventos grandiosos que ela faz em todo   vida daqueles que me procuram, sejam noi-
             Brasil”, explica.                         vos, aniversariantes. São arranjos sempre
               O encontro com cerca de 30 pessoas      carregados de história, cada flor tem o por-        “Não quero
             marcou Camilla Abduch. Na ocasião, ela    quê de estar naquele lugar”, afirma.
             ganhou, via sorteio, um arranjo e na hora de   Seus clientes estão principalmente no    deixar de atender
             dar o buquê, Tais montou uma dinâmica em   Norte e Nordeste, também em Minas Ge-
             que todos os participantes se colocaram em   rais e no Rio de Janeiro. Seu diferencial é a
             formato de círculo na sala e ela ia esbarran-  troca com o cliente até a entrega final. Em   minhas noivas.
             do o buquê na mão de todos os presentes.   compensação, todo final de festa é como
             Camilla percebeu a aproximação da arqui-  um luto. “Às vezes, choro  pensando que
             teta e posicionou a mão de forma a encos-  tudo aquilo que foi construído ao longo de         Gosto e me
             tar no buquê. O ganhou! “Chorei muito, foi   meses, acaba em poucas horas”, diz ela,
             muito emocionante!”, conta.               que não tem uma quantidade de festas cer-        faz muito bem.
               Camilla fez, então, cursos na área no   tas por mês. “Tento marcar uma por final de
             Brasil e no exterior. “Fui para o Peru em um   semana para poder atender de forma ple-
             curso da Tais para saber se as bases são pa-  na. Mas já cheguei a fazer mais de uma e        Mas quero
             recidas com a criação de arranjos no Brasil.   montar uma festa inteira em 20 dias! Tenho
             Mas nessa época ainda não trabalhava ofi-  um coração enorme, não consigo falar não
             cialmente com arte floral, estava mais espe-  a um pedido de ajuda de uma noiva, por      aproveitar meu
             culando o mercado”, diz. Até que, em 2020,   exemplo. Acabo aceitando ainda que em
             a pandemia chegou, e para fugir de uma de-  cima da hora”, explica.                        dom de ensinar
             pressão que a pegou de surpresa, ela passou   Desapegar das flores usadas também é
             a ocupar a mente com mais conhecimento.   uma difícil missão. Sorte de igrejas e asilos.
             “Fiz todos os cursos on-line: assinatura flo-  São eles que recebem as flores usadas nos   para disseminar
             ral, buquê, backdrop, flores desidratadas,   eventos. “Não consigo jogar fora. E não faz
             montagem de eventos, aéreos…”, explica a   sentido reaproveitar, uma vez que cada festa    a arte floral”
             artista floral.                           é única e deve ter a cara do cliente. Então
               Durante a pandemia, Camilla já co-      faço a doação”.
             meçou a vender  arranjos  florais  e fazer   Para se manter em alta e antenada,
             assinaturas residenciais. “As pessoas fica-  Camilla se atualiza sempre e está constan-
             vam mais em casa e queriam um ambien-     temente renovando seu acervo de peças.
             te florido”, conta.                       “Faço de quatro a cinco cursos por ano e   madrugada, nos eventos, compartilhamos
                                                       vou a feiras e eventos. Tais despertou o de-  tristezas, alegrias e cansaços”.
                                                       sejo de trabalhar na área, me ensinou, me    Se ela sente saudade da sala de aula?
               Emoção                                  ajudou a descobrir minha identidade floral   “Muita!”, crava. Mas planos futuros já in-

               Hoje Camilla Abduch é sinônimo de arte   e me apoia até hoje com orientações e in-  cluem a garotada. “Penso em fazer workshops
             floral em Campos do Jordão. É através de   dicações. Porque as técnicas mudam, apa-  e cursos para transmitir meu conhecimento.
             sua marca que ela leva sua paixão pelas   recem novas espécies… Então, preciso estar   Quero ensinar as crianças a montarem ar-
             flores por meio de um clube de assinatura,   atenta”, detalha Camilla.              ranjos. Estar próximo delas é como um com-
             em que a cada 15 dias, efetua a troca de     A artista floral conta também com uma   bustível para mim. Me faz muito bem”.
             arranjos na casa e/ou empresa de seus clien-  equipe formada por ela. São meninas que   “Não quero deixar de atender minhas
             tes; cria arranjos para datas especiais e atua   não sabiam nada sobre flores e aceitaram   noivas. Gosto e me faz muito bem. Mas que-
             como decoradora de eventos.               o desafio de aprender. “Hoje elas fazem ar-  ro aproveitar meu dom de ensinar para dis-
               Emotiva, ela gosta de trabalhar com os   ranjos, às vezes, mais bonitos que os meus”,   seminar a arte floral”, conclui Camilla, que,
             sentimentos das pessoas: encantar e surpre-  conta Camilla orgulhosa. “Somos uma    como uma tulipa, segue com sua delicadeza
             ender. “Não sou decoradora simplesmente   grande família. Sou chefe, mas levo sempre   resistindo, colorindo, alegrando e, principal-
             por ser, nem busco quantidade de clientes.   em conta que são elas que estão comigo na   mente, florindo o mundo.

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