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coragem e resiliência






                                             Djane Plaskett








          “          eixa a vida te levar” definitivamen-  entende que era um movimento da época.   prosperar financeiramente. “Ele foi comprar

                     te não é para Djane Plaskett. O
                                                       A maioria sofria bullying por alguma coisa.
                                                                                                 um carro lá na Barão de Limeira, e viu que
                     verso famoso da música de Zeca    Assédio era constante também. Difícil lidar   havia uma vaga de recepcionista no local.
           D Pagodinho até é bonito, mas esta          com eles quando você é uma menina sem     Daí me indicou”, disse ela, que se adaptou
            virginiana nunca esteve na zona de confor-  um adulto cuidando. “Hoje sei que Deus me   muito bem à área de vendas.
            to e gosta mesmo é de estar no controle da   protegeu em diversas situações de vulnera-  Nunca se esqueceu do Voyage cor Verde
            própria vida. Por isso, está constantemente   bilidade e tudo que passei me tornou mais   Álamo, primeiro carro que vendeu. Mas se
            planejando, fazendo análises de risco e cor-  forte”, reflete.                       especializou mesmo nos veículos da Chevro-
            reções de rota antes de dar o próximo pas-    Uma de suas irmãs tinha uma doença     let. Se tornou a melhor vendedora da loja,
            so. É que na maioria das vezes que foi sim-  congênita, o que fazia com que sua mãe   braço direito do dono. Comprava carros em
            plesmente por instinto “quebrou a cara”. “Se   passasse muito tempo no hospital com a me-  concessionárias menores e levava para São
            você tem a visão do todo, tem mais chances   nina. “Tive que crescer muito cedo. Comecei   Paulo, onde vendiam a preços melhores.
            de dar certo”, crava.                      a cuidar da casa e ajudar minhas outras ir-
               E foi com esse pulso firme que prosperou.   mãs em tudo o que elas precisassem. Queria
            Hoje empresária, dona do restaurante Makai,   que nossa casa fosse antes de tudo um lar. E
            em Ilhabela (SP), Djane nunca esquece suas   me esforcei para isso”, conta.
            origens e sua infância pobre. A mais velha de   Djane chegou a trabalhar com seu pai,
            uma família de quatro mulheres nasceu em   barbeiro famoso de Santos (SP). Mas sua             HOJE SEI  QUE
            Joinville (SC), mas morou em várias cidades   ausência como figura paterna a fez adulta
            com seus pais.                             muito cedo. Sempre estudiosa, ela entendeu
               Com mãe guerreira e pai ausente, Djane   logo cedo que sua mudança de vida viria por   DEUS ME PROTEGEU
            se viu na obrigação de ajudar desde cedo   meio da educação. Fez inglês, datilografia,
            sua família e assim o fez. Aprendeu a cozi-  taquigrafia e curso de secretariado. Tudo en-  EM DIVERSAS SITUAÇÕES
            nhar, era dela o almoço de domingo. Fazia   tre 12 e 14 anos. Curiosa, entrava em confe-
            questão de manter a “normalidade” em casa   rências: todo conhecimento era válido.
            com todos à mesa aos finais de semana. Em     Até que, aos 18 anos, resolveu ir embora   DE VULNERABILIDADE
            cursos gratuitos aprendeu culinária, uma   para São Paulo. Era hora de cuidar de si mes-
            paixão. Também se apaixonou por natação,   ma e do seu futuro. “Fui morar no pensionato         E TUDO QUE
            chegando a competir no esporte, e por pia-  com oito quartos. Era um banheiro para todo
            no, que aprendeu a tocar em um conserva-   mundo!”, se admira ainda hoje. Na capital,            PASSEI ME
            tório. “Fui alfabetizada com escrita musical,   arrumou emprego como secretária júnior.
            mas me faltava um piano em casa para trei-    Até que começou a namorar e foi acolhi-
            nar, por isso não fui mais longe. Ter piano era   da pela família do rapaz como filha.    TORNOU MAIS FORTE
            coisa de rico”.                               Por meio de seu então saudoso sogro
               A pobreza sempre foi um desafio diário.   conseguiu emprego em uma concessionária.
            Sofria bullying na escola por isso. Mas hoje   Foi esse emprego que lhe deu condição de




                                                                                                                           MODA & BELEZA  17
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